domingo, 29 de outubro de 2017

Crítica Mulher Maravilha



Mulher Maravilha veio para as telonas com grande responsabilidade. Estamos lidando com a super heroína mais famosa e importante dos quadrinhos. O número de pessoas que não viam a hora de ver um longa dela era grande. Gal Gadot, que havia sido quase massacrada quando escolhida para o papel, conseguiu provar que era perfeita para viver a heroína em Batman vs Superman, o que aumentou ainda mais as expectativas para seu filme solo. Além disso, seria o primeiro filme solo de uma heroína, além de ser dirigido por uma mulher. Até o momento, os filmes da DC estavam se saindo mal nas críticas, o que jogou mais um peso nos ombros do filme: mostrar que os filmes desse universo poderiam sim ser bons filmes. 

O filme já começa com um deleite para os olhos. Ao contrário dos outros filmes da DC que trabalham com cores escuras e sombrias, Mulher Maravilha começa com uma linda escolha de paleta de cores. Themyscira é apresentada de forma extraordinária, já deixando o espectador encantado com aquele mundo escondido. Enquanto vamos descobrindo a ilha, acompanhamos uma Diana crianças admirando as guerreiras amazonas e almejando ser uma – que é impedida por sua mãe super protetora, a rainha Hipólita. Vamos entender esse lado da rainha quando a mitologia das Amazonas é contada para a pequena Diana em forma de história para dormir. Uma forma muito ágil do roteiro de não enrolar e mostrar o que precisava ser mostrado. Para encantar ainda mais, a mitologia é montada lindamente para o espectador. Assim entendemos mais desse mundo e como Diana foi criada – na inocência, acreditando em deuses, protegida da verdade e maldades do mundo. 

Esse ciclo irá ser quebrado com a chegada de Steve Trevor, interpretado por Chris Paine. Junto com o personagem, chega a guerra, a morte, a crueldade do mundo humano. Em uma sequência de tirar o fôlego e mostrando que mulheres podem sim lutar, as Amazonas lutam contra os humanos que invadem a ilha. Esse é ponto em que tudo muda. Diana é apresentada ao mundo real, a guerra que está acabando com a humanidade e com isso decide ser a guerreira que irá acabar com o mal do mundo – matar o deus da guerra, Ares. 

Chris Pine e Gal Gadot possuem uma química incrível em tela e seus personagens se encaixam perfeitamente. O romance montado é bem sutil, não tirando a atenção do objetivo central: a ascensão da heroína. Os diálogos entre eles são muito bem montados, mostrando como Diana foi criada em um mundo em que as mulheres têm voz e como o mundo dos humanos é machista – tudo isso de forma sutil, não perdendo tempo em dar sermões, mas cumprindo a função de ridículo de como a sociedade trata as mulheres. Outro ponto para a diretora foi mostrar a heroína de forma não sexualizada, o que infelizmente ainda é frequente com as mulheres nos filmes. Diana é mostrada por sua força, sua vontade de lutar pelo melhor, a admiração que a cerca. Em nenhum momento o foco saí disso e o resultado não poderia ser melhor.

A direção e fotografia estão de parabéns. Patty Jankins consegue conduzir o filme muito bem. Desde o encantamento com o lar de Diana até os horrores da guerra, ela trabalha tudo de forma simples, mas carregada de significados. Até quando a paleta de cores se torna mais fechada para combinar com a Londres em guerra, é feita de forma delicada. Um dos pontos fracos do filme é justamente quando chega as cenas de ação na guerra: o CGI deixa muito a desejar, ficando óbvio seu uso e fazendo sequências que poderiam ser muito boas perder um pouco sua força.

Os personagens secundários também são muito bem escolhidos, dando força a narrativa e fazendo um bom plano de fundo para o surgimento da Mulher Maravilha. Aliás, a primeira cena que ela aparece com o uniforme completo, tirando seu manto e surgindo das trincheiras, é uma cena que irá ficar para a história. A cena é extremamente bem construída, sua montagem e trilha sonora a deixam perfeita, o momento chegando a arrepiar. Definitivamente o melhor momento do filme. Outro ponto positivo foi a direção de arte que criou com maestria Themyscira e a primeira guerra, conseguindo fazer o público acreditar nos dois ambientes mostrados. 

Apesar de muitos acertos, o longa teve alguns problemas e isso se deve principalmente aos vilões mal desenvolvidos. A Doutora Veneno teve pouco espaço e poderia ser muito mais bem explorada, mas não mostrando nenhum perigo realmente muito grande General Ludendorff também não foi bem usado, estando ali somente para cumprir seu papel um pouco caricato e para servir para desviar a atenção de Ares. Mas o verdadeiro problema está com Ares e no ato final do longa. A chegada do vilão não é impactante, ele fala coisas óbvias demais, o que consequentemente tira sua força de vilão. A cena de enfrentamento também é problemática. Fica muito computadorizada e não chega a empolgar. Esse final foi decepcionante, que mostrou um vilão que não estava à altura do longa e mostrando uma cena genérica. 

Outro ponto que achei um pouco falho foi a insistência de Diana em Ares. O modo como foi criada deixa claro em mostrar toda sua inocência em relação ao mundo, porém chega um ponto que isso é repetido tantas vezes que cansa. Esse lado dela poderia ter sido explorado com um pouco mais de dosagem. O público já conseguiu entender que ela foi criada dentro da mitologia de sua ilha e que isso seria quebrado no final com seu confrontamento com Ares. Os verdadeiros momentos que isso realmente funcionou foi quando respondia os desaforos do mundo e suas novas descobertas. Ao fim, isso não se tornou um problema tão grande porque Gal conseguiu trazer para a personagem uma doçura em seus jeitos que ajudou o espectador entender esse lado de Diana. 

Ao fim, o filme chegou para ser lembrado por muito tempo. Todos saem satisfeitos e com uma sensação de que algo bom foi feito. Mulher Maravilha chegou para derrubar barreiras com sua forma admirável, forte e feminista. 

Mavi Tartaglia

4 comentários:

  1. Eita guria, parabéns pela resenha e pelo blog. Você escreve tão bem e usa linguagem simples. Gostei muito! ;)

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  2. Estou de acordo com a resenha, é divertida, amena, curiosa e acima de tudo está maravilhosamente realizada. Mulher Maravilha é um dos melhores filmes que estreou o ano passado. É uma história sobre sacrifício, empoderamento feminino e um sutil lembrete para nós, humanos, do que somos capazes de fazer uns com os outros. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio. É um dos melhores heróis da DC gostaría que vocês vissem pelos os seus próprios olhos, se ainda não viram, deveriam e se já viram, revivam a emoção que sentiram. Eu gosto da forma em que ela esta contada, faz a historia muito mais interessante. Gal Gadot é ótima porque mostrou com perfeição a jornada de uma deusa, uma guerreira e uma mulher. Eu recomendo!

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    Respostas
    1. Obrigada!
      Gal Gadot conseguiu ser uma deusa e humana nesse papel. Dos filmes da DC, esse realmente é o melhor.

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