domingo, 22 de outubro de 2017

Crítica Homem - Aranha: De Volta ao Lar



Mais uma vez temos um filme do Homem Aranha, mas dessa vez, os direitos autorais estão com a Marvel. Todos já estão cansados de saber a história de como Peter Parker se torna o amigo da vizinhança e por isso mesmo a Marvel faz o certo: deixa para trás essa história e segue em frente. Acredito que essa tenha sido a melhor decisão da produtora: ao conseguir os direitos para incorporar o personagem ao universo estendido, não criaram pretensões. Não mostraram a história que todos estão cansados de saber (Peter sendo mordido por uma aranha, a morte do tio, etc). Com isso, deixaram bem claro que a intenção não era apagar os filmes anteriores e muito menos tentar ser melhor que a primeira trilogia que está eternizada na mente de todos (ainda considerada a melhor). A Marvel foi bem clara em seu objetivo: trazer um novo Homem – Aranha, agora mais novo, que se assemelhasse mais ao personagem apresentado nas HQ’s e desenhos para entrar na equipe dos Vingadores – e mais para frente, quem sabe liderar. Com isso, criaram um filme divertido, leve e que agradou a maioria dos espectadores. 

O personagem agora interpretado por Tom Holland já havia sido (re)apresentado em Guerra Civil e suas cenas não deixou ninguém decepcionado, pelo contrário, deixou à todos ainda mais ansiosos para ver o novo filme do Cabeça de Teia que parecia cair tão bem nesse ator mais jovem. Os fãs de longa data agora conseguiam ver aquele personagem tão amado finalmente sendo apresentado de forma mais parecida com o Peter que todos já conheciam. 

O longa já começa bem. Michael Keaton é o futuro Abutre e os primeiros minutos do filme mostram como ele chega até o ponto de se tornar o vilão. A história do personagem foi muito bem criada: pegaram um tema relevante e jogaram em nossa cara, nos fazendo imediatamente sentir empatia e entender o lado dele. A história é real, causa uma identificação imediata à quem está assistindo. Ao contrário da maioria dos vilões que hoje são apresentados nos filmes, sua história bem construída o torna um vilão memorável – e apresenta uma bela interpretação de Keaton. 

E é então que entra Tom Holland com seu Homem – Aranha para começar a jornada. Com um toque muito juvenil e cômico, o ator traz um Peter adolescente de forma muito confortável. É impossível imaginar outro ator para essa nova versão. Tom consegue trazer com maestria os dois lados apresentados no filme: a exaltação de ser um herói (e querer provar seu valor) junto aos dramas adolescentes. Aqui, Peter tem 15 anos, e junto com a bagagem de querer salvar o mundo, ele passar por mudanças humanas típicas da adolescência, principalmente o primeiro amor. É aí que acredito que o filme funciona tão bem. O roteiro consegue ser aquele que mais mostra Peter Parker como humano, como uma pessoa que era normal e acaba em meia a algo extraordinário. Eles não focam somente em seu lado heroico, mas em seu lado humano cheio de dúvidas. 

Isso fica evidente ao longo do filme quando vemos Peter explorar seu traje tão bem feito por Tony e ao mesmo tempo querer provar que ele pode ser muito mais e fazer parte dos Vingadores. Conforme a trama avança, ele vai se dando conta que para ser um super herói, é preciso muito mais que um traje. Tony Stark aparece para lhe dar essa lição (vale ressaltar que as aparições do personagem foram muito bem dosada, trazendo humor e drama em momentos certos, mas sem tomar o lugar do protagonista). A partir do momento que Peter se encontra sem seu traje super sofisticado e precisa voltar ao início é que ele finalmente consegue se descobrir como Peter e como Aranha. 

O filme se foca muito mais nesse lado de descobertas do que de ação. Muitos acharam isso ruim, já eu particularmente gostei. As cenas de ação foram colocadas em momentos chaves, sem exageros, combinando com o tom do filme. A impressão que passa é que quiseram começar devagar e entregar algo agradável do que algo corrido e sem cabimento com a história do personagem. Daí em diante, acredito que vão crescendo aos poucos nos próximos filmes. 

O longa também é recheado de referências – Capitão curtiu isso! – incluindo uma homenagem à icônica cena do beijo do primeiro filme. Jon Watts (diretor) consegue trazer uma atmosfera muito agradável, recheado de homenagens aos filmes dos anos 80 (como De volta para o futuro, Clube dos Cinco e principalmente Curtindo a vida adoidado). Isso trouxe um ar juvenil muito bem feito e que não só combina com o Peter de Tom, mas combina com o que a trama quer passar. Essas cenas fazem o filme ficar ainda melhor, trazendo um tom de nostalgia para o espectador. O humor que gira também em toda a trama é a melhor cartada e é o que faz o filme ser tão bom quanto foi – e o melhor de tudo, nada com exagero. 

Entrando nesse setor juvenil, além de Tom, os outros atores que compõem o núcleo colegial – ressalva para a diversidade mostrada aqui – são muito bem escolhidos. O personagem de Ned traz momentos cômicos e nerds deliciosos, roubando a cena em diversos momentos, e a química do ator com Tom é ótima. Ressalva também para o personagem do Flash. Diferente dos quadrinhos, foi uma ótima surpresa. Trazido para os dias de hoje. Não vemos um Flash que aterroriza através da violência, mas um outro tipo de bullying, muito mais interessante – e importante – para nossa atualidade. 

De Volta ao Lar termina cumprindo sua função: trazer um Peter Parker com novas nuances para o Universo Cinematográfico Marvel. Acredito que ao final tenha sido uma ótima forma de apresentar o personagem e que Tom ainda vai crescer muito com – e como – o Amigo da Vizinhança. Já entrou para a listinha dos meus preferidos.

Mavi Tartaglia


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